terça-feira, 13 de maio de 2008

Como fui iniciado em artes marciais

Aos nove anos de idade meu pai me matriculou na Escola de Capoeira do Professor José Maria, que me ensinou a arte de ataque com os pés. Além da Capoeira, ele transmitiu para mim as primeiras noções de jiu-jitsu e luta livre americana. Com ele aprendi a arte de ataque e defesa, em pé, e sobre o solo. Eu aplicava bem chaves-de-braço, estrangulamentos, raligochi e imobilizações de solo. Dois anos depois, ou seja, aos 11 anos de idade, ingressei na Academia de Judô do japonês Tanaka, que funcionou na sede da Associação Juazeirense de Pugilismo, anexo ao Estádio Adauto Moraes. Essa Associação funcionava sob a direção de Samuel Ayres do Nascimento, um exímio lutador que defendia o nome de Juazeiro nas competições de luta livre americana que aconteciam na cidade.

A luta mais comentada na cidade realizada por Samuel Nascimento foi quando ele enfrentou Valdemar Santana, ex-campeão baiano de pugilismo. Mais tarde, Samuel entrou para a política, tendo vários mandatos de Vereador do Município. Eu tinha vários parceiros de luta, que treinavam comigo na Associação Juazeirense de Pugilismo, dentre eles destacamos Cozinho, filho do capoeirista Zé Maria, meu primeiro professor de Capoeira, Sargento Lindomar e Paulo Afonso Lopes, que conheceu a mensagem adventista por meu intermédio, e, como faixa preta, mantém uma academia de Judô, na cidade.

Com o conhecimento que obtive desses dois professores – o capoeirista Zé Maria e o judoca Tanaka - eu convidava colegas da minha idade e de até 13 anos, para praticar lutar livre na areia da praia de uma ilha situada no porto da Cica-Norte. Ali se realizavam verdadeiros torneios de luta livre americana com crianças de 13 anos abaixo, sob os olhares curiosos de adultos, que compareciam para ver as disputas entre os adolescentes. Eu sempre levava a melhor, chegando a treinar luta de solo com dois adversários de uma só vez, o que para os presentes era uma grande façanha. Até hoje, as pessoas daquela época lembram os combates que realizávamos na beira do rio São Francisco. Muitas vezes a areia cortava o rosto, os cotovelos e costas, com as manobras que se fazia para imobilizar o adversário durante a luta de solo no corpo-a-corpo.

Dessas disputas na areia, na beira do rio São Francisco, se revelou um grande lutador que todos o respeitavam, até mesmo a Polícia local. Ele era conhecido em Juazeiro como “Carlinhos de Zilda”. Eu era o único adversário de que ele tinha respeito e consideração. Ele se profissionalizou sob minha orientação, com treinamentos muito rígidos, e mais tarde participou de combates com grandes nomes da Luta Livre Americana, como Demônio do Ringue, Drácula, o Demolidor e outros. Em São Paulo, onde fora fuzilado por uma brigada policial, ele fazia muito sucesso como profissional em Luta Livre Americana. Ele tinha um grande defeito; era do tipo bizarro: ao tempo que era gentil com as mulheres e elegante no vestir e no tratar as pessoas; durante uma luta, ele só ficava satisfeito depois que via muito sangue ser derramado.

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