terça-feira, 13 de maio de 2008

Excluído por Ensinar a Reforma Alimentar

Em 1968, ou seja, três anos depois do meu batismo, participei, em Salvador, de um curso preparatório para ingressar na obra de colportagem. Então, solicitei alguns dos irmãos em Cristo, da igreja central, em Juazeiro, para dar assistência ao grupo dos novos conversos de Petrolina, uma vez que eu teria de me ausentar para realizar a obra da página impressa nos rincões dos Estados da Bahia e Sergipe. Dentre os colaboradores, destacamos Harã Silva, Dário Pereira, Euclides Lima, Vicente Ferreira, Manoel de Badú e Berto Santos.

Permaneci na obra de colportagem até o final de 1971. De lá para cá minha vida se transformou num verdadeiro suplício. A questão é que, na colportagem, tomei conhecimento do livro Conselhos Sobre Regime Alimentar, de autoria da senhora Ellen G. White. Quanto mais lia esse livro, mais dava vontade de lê-lo. Por intermédio desse livro me senti verdadeiramente convertido, uma vez que, através desse trabalho literário, aprendi tudo sobre princípios do viver saudável, não somente na questão alimentar, mas também, no que diz respeito à saúde física, mental e espiritual. Fiquei tão empolgado com os temas apresentados no referido livro sobre reforma alimentar e preparo para a vida porvir que passei a pregar sobre esses assuntos nas 180 igrejas por onde andei durante o período de colportagem.

O que mais me chamou à atenção no livro Conselhos Sobre Regime Alimentar, foi um trecho que está escrito na página 382, tópico 655, que diz: “Maiores reformas devem-se ver entre o povo que professa aguardar o breve aparecimento de Cristo. A reforma de saúde deve efetuar entre nosso povo uma obra que ainda não se fez. Há pessoas que devem ser despertadas para o perigo de comer carne, que ainda comem carne de animais, pondo assim em risco a saúde física, mental e espiritual. Muitos que são agora só meio convertidos quanto à questão de comer carne, sairão do povo de Deus, para não mais andar com ele”.

Vez por outra eu ia a Juazeiro para estar com meus familiares, e aproveitava a oportunidade para ensinar na igreja central e no grupo que eu organizei em Petrolina sobre princípios de saúde e temperança cristã. Os membros da igreja, em Juazeiro, como também, os integrantes do grupo de crentes recém-convertidos, em Petrolina, gostavam do assunto, e até me cobravam maiores esclarecimentos sobre a questão da saúde física e espiritual, como também, pediam para eu ensinar sobre as profecias de Apocalipse, que eu explicava com muita autoridade e conhecimento de causa. Portanto, meus sermões, em atendimento às inúmeras solicitações dos nossos irmãos em Cristo, eram em cima de profecias e de assuntos sobre reforma alimentar e temperança cristã.

Não sei se por ciúmes ou inveja, o ensino da reforma alimentar deixava a liderança da igreja incomodada, cujos integrantes começaram a criticar as mensagens por mim transmitidas, dizendo ser “puro extremismo e falta de equilíbrio na exposição da reforma de saúde”. O que eles chamam de “extremismo”, até hoje, é o ensino que esclarece sobre os riscos oferecidos pelo uso da carne vermelha. Você pode alertar sobre o perigo da carne de porco, do peixe de couro, do fumo e do álcool. Mas se você alertar dos riscos oferecidos pela carne vermelha, o refrigerante, o açúcar refinado, o frango e ovos de granja. Isso é o que eles consideram de “extremismo”.

Até mesmo na colportagem, onde eu expunha aos meus colegas de trabalho os conselhos e orientações de Ellen White sobre reforma alimentar, eu fui chamado à atenção pelo pastor Odilon, então diretor de colportagem, que me aconselhou a deixar de pregar sobre o referido assunto nas igrejas, dizendo que “isso é coisa de reformista”. Até então eu não sabia o que era reformista. Mas, não lho dei ouvidos e continuei a pregar sobre reforma de saúde e temperança cristã, tanto nas igrejas, como junto aos meus colegas de colportagem, e para minha surpresa, fui discriminado pela liderança da igreja que me proibiu de continuar pregando sobre o assunto; meu nome foi excluído das escalas de pregadores.

Como se não bastasse às perseguições e proibições, somente pelo fato de eu defender a reforma alimentar, nas igrejas, meu nome foi excluído da relação de fundadores da igreja adventista do sétimo dia, em Petrolina. Isto me deixou muito arrasado e decepcionado com a liderança da igreja. Por último, excluíram o meu nome do livro da igreja, com o objetivo de fazer-me calar, pois os líderes, na sua maioria, por não viverem os princípios da reforma alimentar, combatem os reformadores da saúde da própria igreja, para que o povo não tome conhecimento dos referidos princípios na sua integralidade, e venham a repreendê-los pela sua maneira de viver a reforma de saúde pela metade.

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