Onde atualmente é a Vila Maringá ficavam localizadas as chácaras dos senhores Vitorino e Verbuje. Ali, eu e vários garotos saíamos a passarinhar, matando nambus, rolinhas do tipo fogo-pagou, juriti, sangue-de-boi e as chamadas aves de arribação, além de codornizes, sofreus, bem-te-vis e azulões. Passarinhávamos com badogles, arco e flechas. Além destas armas, armávamos arapucas para a captura de algumas espécies, como canários, cardeais, pássaro-preto, xexéus e rolinhas fogo-pagou. As aves capturadas eram postas em gaiolas e vendidas na feira-livre. Fazia parte do grupo de passarinheiros um moreno chamado Messias, um exímio arqueiro, que nunca perdeu na pontaria. Além de passarinhos, ele abatia com seu arco e flechas camaleões, calangos e lagartixas. Ele tinha prazer de matar tudo que passava em sua frente.
Nessas nossas caçadas a passarinhos invadíamos chácaras de frutas; adentrávamos os cercados para furtar as frutas da época, como melancia, caju, goiaba, manga, bananas, mamão etc. Morava uma senhora muito valente conhecida como dona Romana, onde hoje é a Vila Maringá. Ela recepcionava os invasores de sua roça com tiro de sal. Ela carregava sua espingarda de bucha usando sal grosso em lugar de chumbos. O sal, quando penetrado na pele, causava dor no local atingido e muito sofrimento à vítima. O tiro era disparado pelas costas, atingindo sempre o bumbum, quando o garoto corria em direção do cercado na tentativa de sair da chácara.
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