terça-feira, 13 de maio de 2008

Perdão e Benevolência

Quando meu pai nos abandonou, ele assumiu uma mulher conhecida como Dilú com a qual estava amasiado há algum tempo. Chegou uma época em que ele, juntamente com essa mulher, em companhia de seus três filhos que tivera com ela, passava privações, e sempre aos sábados, apareciam em casa, famintos. Minha mãe se condoia da situação deles e, depois de colocar sobre a mesa comida para todos nós, convidava meu pai, mulher e filhos para participar do almoço sabático, e ainda enchia uma sacola com alimentos para eles passarem a semana comendo com os filhos.

Certo sábado minha mãe chamou meu pai e fez-lhe a seguinte proposta: “Olha, Roque, já estamos separados há muito tempo; e você convive com essa mulher, também, há muitos anos. Tanto ela como seus filhos precisam ser amparados. Quero fazer-lhe a seguinte proposta: em primeiro lugar, quero dizer-lhe que o perdoei e não guardo de você nenhuma mágoa, pois, afinal, a ordem do Mestre é que devemos perdoar os nossos inimigos e orar pelos que nos perseguem. Segundo... eu lhe dou o divórcio para você se casar com a Dilú e tornar seus filhos que tivera com ela em herdeiros”.

Meu pai não teve palavras para dizer sim ou não, apenas chorou por alguns minutos e disse: “Laura... você só pode ser uma santa! Não sei por que a magoei tanto. Não sei onde eu estava com a minha cabeça que abandonei você com meus filhos e constituí outra família. Não há mais necessidade de pedir-lhe perdão, porque você já me perdoou”. E ambos choraram no ombro um do outro.

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