Quando eu atingi maioridade, com 19 anos, fui trabalhar em algumas cidades da Chapada Diamantina, para uma representação de livros educativos e de saúde. O meu trabalho começava visitando antes de tudo as autoridades da cidade: o prefeito, o juiz de direito, o delegado de polícia etc. Nisso, fiz amizade com o delegado de polícia, que era um sargento PM, que gostou muito dos livros que eu representava. Ali, na região da Chapada Diamantina, fazia muito calor, e como nessa época eu ainda apreciava um refrigerante, entrei em um bar para comprar uma garrafa de guaraná. Havia uma mesa ocupada por quatro elementos, e um deles estava embriagado.
Quando estava ingerindo o guaraná, o bêbado se aproximou do balcão e solicitou que eu assentasse à mesa com eles. Eu disse-lhe que não tomava bebidas alcoólicas, porque além de eu ser um crente, estava trabalhando. Ele insistiu, mas não o atendi. Então, o ébrio determinou: “Se não vai sentar com a gente, então, vai pagar a conta!”. Eu disse que não iria pagar uma conta que não tinha nada a ver comigo, se eu não fiz nenhuma despesa com eles. Nisso, dois dos ocupantes da mesa partiram de lá, dizendo: “Que negócio é este de não pagar a conta!? Você vai pagar, sim!”
Naquele momento eu pude sentir que estava numa boa enrascada, mas eu continuava dizendo que não iria contribuir com nada. Após pagar o refrigerante que havia tomado, dirigi-me em direção da porta, apressadamente, mas um dos elementos que, depois fiquei sabendo que era um guarda-costas de um fazendeiro importante da região, puxou-me pelo colarinho da camisa, fazendo-me perder o equilíbrio e cair sentado. Ali, no chão, fiquei alguns segundos pensando o que faria para me livrar dos quatro elementos arruaceiros. Mas, de repente, fui surpreendido por um chute à altura do cóccix, onde até hoje sinto doer ao tocar no local. A pancada foi tão tremenda que subiu um calor pela coluna, desde a região sacro-lombar até o alto da cabeça. Naquele momento deu um estalo em minha cabeça e não sei como me coloquei de pé. Quando eu dei conta de mim, vi mesas e cadeiras quebradas por todos os lados, além de três dos quatro elementos no chão, desacordados, e o ébrio, tentando atingir-me à altura do meu abdome, desferindo socos com as duas mãos, enquanto eu o detinha, segurando-lhe a cabeça com uma de minhas mãos.
Por conta desta “refrega”, saí da cidade corrido, às escondidas, com a ajuda do delegado de polícia da localidade, que foi inteirado pelo dono do bar de tudo o que teria acontecido. Ele explicou que estava me ajudando porque o fazendeiro cujo guarda-costas teria sido surrado, teria me jurado de morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário